Por Hanah Adler de Miranda Santos [1]

A utilização dos métodos adequados de resolução do conflito vem sendo feita cada dia mais pelos mais diversos motivos, entre eles o abarrotamento do Poder Judiciário, a possibilidade de construção de uma solução que atenda às necessidades dos envolvidos e a celeridade no alcance desta solução.

Estes métodos se utilizam de um terceiro que será o facilitador do diálogo entre as partes. O mediador ou conciliador, dentre as funções que deverá desempenhar, irá gerir os conflitos que serão a ele apresentados durante as sessões. E em regra, conflitos trazem à tona as emoções.

As emoções são inerentes ao ser e com o mediador ou conciliador não é diferente. Portanto, para que ele possa fazer a gestão das emoções de uma forma adequada, é necessário que ele consiga gerir as suas próprias emoções. E como foi muito bem explicado durante o curso, a chave para que isso aconteça é o autoconhecimento.

O autoconhecimento é complexo e não vem pronto. Na verdade, ele é construído todos os dias, com todas as experiências vividas, sejam elas boas ou ruins, estas últimas principalmente, pois mostram como cada um reage em situações desagradáveis e imprevisíveis, nas quais são necessárias respostas rápidas e que geralmente as pessoas deixam-se levar pelas emoções.

Se autoconhecer é um processo, estar na estrada do autoconhecimento é não enxergar o final dela, porque em nenhum momento ele está pronto e acabado. A cada nova situação, uma nova sensação emerge e é necessário acolhê-la e aprender com ela.

Apesar de ser um processo longo e contínuo, há muitas ferramentas que podem ser utilizadas para chegar cada vez mais perto de se autoconhecer. Tirar momentos do dia para refletir, meditar e contemplar o ser, as experiências e os aprendizados tirados pode ajudar a alcançar cada vez mais o objetivo pretendido.

William Ury, em sua obra “Como chegar ao sim com você mesmo”, traz a importância de ir ao camarote, um exercício de auto-observação que consiste em tornar possível enxergar suas emoções de longe e identificar como cada uma delas afetam suas ações. A partir disso, quando ocorrerem determinadas situações, à medida em que esse exercício é realizado, será possível escolher entre uma resposta impulsiva ou ponderada.

Tudo isso faz com que o gestor de conflitos possa melhor entender e lidar com os seus sentimentos e emoções bem como os das pessoas envolvidas. Praticar a autorreflexão é de extrema importância, porque é necessário primeiro se autoconhecer para conseguir auxiliar os demais em seus conflitos.

REFERÊNCIAS

FISCHER, Roger. Como chegar ao sim: como negociar acordos sem fazer concessões / Roger Fischer, William Ury & Bruce Patton; tradução Ricardo Vasques Vieira – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Solomon, 2014.

URY, William. Como chegar ao sim com você mesmo [recurso eletrônico] / William Ury [tradução de Afonso Celso da Cunha Serra]; Rio de Janeiro: Sextante, 2015.

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