Da transversalidade a gestão de conflitos

A preparação do mediador de conflitos pode ser uma ferramenta determinante na construção do consenso. Antes de vivenciar a prática, é fundamental que o mediador descubra suas habilidades, competências e virtudes que o aproximam das questões humanas essenciais para que aprenda a lidar com pessoas, emoções e situações inusitadas. Diante disso, é relevante que o mediador compreenda a sua trajetória de preparação a partir dos conceitos de aprendizagem ao longo da vida, já que a sua preparação acontece de maneira contínua e permanente. Isso significa que uma das habilidades mais importantes que ele deve desenvolver é a habilidade de aprender. Parece óbvio e simples, mas não é, exige humildade, abertura para o novo e dedicação. 

Consciente de que é importante a habilidade de aprender, o mediador deve visitar áreas que atravessem a gestão de conflitos. No ensino fundamental e médio, a escola utiliza Temas Transversais para complementar o ensino tradicional e tornar a experiência educativa mais atrativa, pois os alunos percebem que há uma conexão do que eles veem em sala de aula com a construção do seu projeto de vida. Trazendo essa ideia da transversalidade para a formação de mediadores e conciliadores, a vivência com temáticas diferentes e espaços criativos podem aumentar o repertório do mediador e potencializar sua atuação. 

Um exemplo relevante está relacionado com a comunicação. Em teoria da comunicação aprende-se com Alberth Mehrabian que, na maior parte do tempo, o ser humano emite mensagens verbais, não-verbais e para verbais. Nesse contexto, 55% da comunicação humana é linguagem corporal, 38% é tom de voz e 7% são palavras (MEHRABIAN, 1971). A porcentagem maior está relacionada com a linguagem corporal. Notadamente, esse dado reflete na atuação do mediador que precisa perceber como o seu corpo fala diante das situações da vida e como ele reage com o inesperado. Isso demonstra que, para além de se comunicar bem, é preciso prestar atenção nas reações e gestos. Essa compreensão transcende o estudo teórico e exige experiências que estimulem um olhar mais sensível a essas questões. Experiências artísticas, por exemplo, podem cooperar no desenvolvimento dessa habilidade já que conta com espaços que estimulam a criatividade, trabalham a conexão do corpo e da mente e despertam valores importantes para as relações humanas, como a autoconfiança e a empatia. Essa vivência, sem dúvidas, repercute de maneira positiva na comunicação.

Referência
MEHRABIAN, Albert. Silent Messages. California: Wadsworth Publishing Company, 1971.

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Rafaela Mota Holanda

rafaela.holanda@uol.com.br
Mestra em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza, Especialista em Direito Administrativo, Conciliadora Judicial atuante no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da Comarca de Fortaleza, Autora do livro O Direito à Educação: a arte como caminho para o desenvolvimento da gestão de conflitos em jovens, Advogada.

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